Neste fim de semana é dia do SW6 London Derby. e, para aquecermos os motores para o clássico, vamos relembrar um confronto recente, mas que entrou para a história. Em 19 de março de 2006, um domingo, em Craven Cottage, Fulham e Chelsea foram a campo pela 30ª rodada da Premier League. As duas equipes vinham de campanhas opostas na temporada até então.
Fulham na temporada 2005/2006 |
Os cottagers vinham de uma
temporada irregular. Ao mesmo tempo em que perdia de adversários fracos, como
Reading, ou empatava com o modesto Birmingham em casa, o Fulham conseguia
vitórias inesperadas, como contra o Liverpool e Manchester City em casa. Porém, até então
a equipe ocupava a 16ª colocação, com uma distância de oito pontos para o primeiro
time na zona de rebaixamento, o Birmingham City, mas com dois jogos a mais em
relação ao rival.
Neste momento do
campeonato, os Whites vinham num período complicado após duras derrotas para o
Arsenal (4-0), Everton (3-1) e Liverpool (5-1), além de anteriormente ter
perdido para o Bolton por 2 a
1. Somado à sequência de derrotas na Premier League, o tabu de vitórias contra
o Chelsea já durava 27 anos.
Chelsea seria campeão o inglês daquela temporada |
Para piorar a situação
cottager, o Chelsea estava entrando no auge da era Abramovich/Mourinho. Na
terceira temporada de investimentos do bilionário russo no clube de Londres, os
Blues já tinham o título inglês bem encaminhado pelo segundo ano seguido, além
de estar com o elenco ainda mais forte, com as contratações de Shaun Wright-Phillips e Michael Essien. Mas nem tudo estava tão perfeito. A equipe de
Mourinho havia sido eliminada pelo Charlton Athletic na Copa da Liga Inglesa,
mas a eliminação mais dura seria a nível continental: após derrota em Londres
para o Barcelona pelas oitavas-de-final da UEFA Champions League, o Chelsea não
conseguiu reverter o resultado na Catalunha e foi eliminado no começo do mês de
março.
Voltando ao jogo as
equipes vieram com as seguintes formações:
FULHAM: Crossley; Volz,
Knight, Pearce, Rosenior; Malbranque, Pembridge, Brown, Boa Morte; McBride,
John.
CHELSEA: Cech; Gallas,
Huth, Terry, Ferreira; Makelele; Wright-Phillips, Lampard, Essien, Joe Cole;
Crespo.
O jogo já começou quente
quando, logo aos cinco minutos, os jogadores do Fulham reclamaram de um suposto
pênalti de John Terry em Moritz
Volz, não marcado pelo arbitro Mike Deen.
Luis Boa Morte marca o gol histórico |
Porém, aos 17 minutos, o
Chelsea não conseguiu escapar de levar o gol. Depois dos donos da casa já
exercerem certa pressão, Luis Boa Morte recebeu bola pela esquerda de Steed
Malbranque e, na saída do goleiro Peter Cech, marcou o gol para delírio dos
mais que 20 mil torcedores do Fulham presentes.
Com o resultado adverso, o
técnico do Chelsea não perdeu tempo para fazer duas substituições, e logo aos
26 minutos da primeira etapa Damien Duff e Didier Drogba entraram nos lugares
de Wright-Phillips e Joe Cole, respectivamente. As entradas deram
resultado logo, e o Chelsea conseguiu algumas chances a gol até o fim do
primeiro tempo.
Na volta do intervalo, o
poderio de ataque do Chelsea exerceu forte pressão sobre o Fulham,
principalmente com Drogba e Hernan Crespo, porém bravamente os Whites resistiam
à pressão.
No jogo houveram muitas discussões com a arbitragem. Clima tenso |
Até que saiu o gol do
Chelsea: Didier Drogba recebeu a bola, ajeitou e mandou a bola livre para o
gol, depois de tirar o goleiro Crossley da jogada. Porém, após muita confusão,
Mike Deen foi auxiliado a anular o tentol, uma vez que Drogba havia ajeitado a
bola com a mão.
Boa Morte ainda conseguiu
fazer um bom chute, defendido por Cech, porém o momento mais tenso foi quase no
fim do jogo, quando Drogba mandou a bola cabeceada no travessão e Ricardo
Carvalho, que havia entrado no lugar de Huth no intervalo, mandou a bola para
longe no rebote. Frank Lampard e John Terry também tentaram, mas o Fulham
estava determinado a acabar com o jejum.
Gallas sai de campo e provoca a torcida |
Com os ânimos a flor da
pele, o zagueiro Gallas ainda foi expulso por entrada muito forte em Heidar Helguson, e
ao sair de campo fez gestos com os polegares para baixo na direção da torcida
do Fulham.
Torcida essa, que ao apito
final do jogo invadiu o campo para comemorar a vitória e fim do jejum de vitórias
sobre o rival. Mas nem tudo foram flores, e alguns torcedores mais exaltados
começaram a brigar com os fãs rivais, reacendendo uma rivalidade que
estava adormecendo graças à discrepância nos resultados de ambas as equipes.
Chris Coleman, então técnico
do Fulham, foi duro ao falar com torcedores que causaram a confusão: “Este é um
grande resultado para nós [a vitória] e os torcedores estão exaltados. Se há um
ou dois idiotas no campo causando problemas, então os tirem fora. Não há
lugares para idiotas no Fulham”, finalizou Coleman.
Invasão dos torcedores em campo ao final do jogo |
Além da importância histórica
do triunfo, o resultado teve importância na permanência da equipe na Premier
League, pois com o resultado, do derby e dos adversários diretos, ficou
afastado qualquer possibilidade de rebaixamento Cottager, restando duas rodadas
para o fim da competição.